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Libras na Praça Rui Barbosa

sábado, maio 25, 2013


Hoje estive na Praça Rui Barbosa para divulgar meu trabalho.
Olha eu de rosa aí fazendo o sinal de vida durante o refrão:... entra na minha casa, entra na minha vida...
Encontrei vereadores: Manoel Palomino, João Carteiro, membros do Grupo Cidadania Ativa e muitas pessoas conhecidas.
Encontrei  o pessoal da Marcha para Jesus e me juntei à eles:

“Como um surdo ouve a palavra de Jesus se vocês não sabem Libras?” – Meu amigo Sandro Costa estava lá. Tocou seu violão e cantou COMO ZAQUEU e eu interpretei. Muitas pessoas olharam e ficaram nos observando.
Os Protetores de Animais também estavam lá na feira de adoção. Fui até eles:
“Bom dia. Animais sabem Libras sabiam? Tenho vários amigos surdos e seus animais de estimação os entendem melhor que nós. Se um surdo vier aqui e quiser adotar um animal, como vocês irão fazer?”
Também estava o grupo de prevenção às drogas e lá fui eu:

“Como vocês irão ajudar um surdo a se livrar das drogas se não sabem Libras?”
Durante um bom tempo fiquei andando pela calçada da praça fingindo ser surda e entregando meus panfletos.
Umas pessoas foram muito amáveis, ficavam preocupadas e falavam:

“Ai minha nossa. Não entendo nada. E agora? Gente que vergonha! Trabalhamos (foram vários lugares que falaram como educação, saúde, auto-escola, saúde, farmácia, eventos, comércio, cartório) e não sabemos.!!” – Alguns até relatavam entre si: “Lembra daquele moço surdo que foi lá outro dia?”  – Aí no final eu falava né? As pessoas se sentiam aliviadas e eu deixava algumas perguntas no ar para pensarem:
- Se um surdo tem infarto no meio da noite, como chama o SAMU?
- Um surdo quer recarregar seu botton de zona azul? E aí?
- O surdo quer cancelar o cartão de crédito e só pode ser feito pelo 0800, como faz?
Até para os PMs que faziam a ronda e os marronzinhos que fiscalizam o trânsito eu entreguei panfletos.
Outras pessoas me evitavam, fugiam, como se eu estivesse vendendo o panfleto. Aff... Então eu disparava bem alto: “Eu falo sabia? Volte aqui por favor. Não precisa ter medo de mim.” – Às que voltavam,  eu explicava:  “Eu luto pelos direitos da comunidade surda. Estou divulgando meu trabalho, não vendendo adesivos. Você sabia que Libras é a segunda língua oficial do Brasil conforme Lei nº 10.436/02 e decreto 5.626/05?” – E dava alguns exemplos do que as pessoas surdas sofrem no dia a dia. Uma delas é o que eles tinham acabado de fazer: IGNORAR, TER MEDO.
Agora outras pessoas... Sinceramente, nem com Jesus na causa não tem jeito.
Uma senhora que conversava com dois homens, e divulgava seu trabalho da Herbalife, por exemplo. Um dos homens era corinthiano e eu cheguei sinalizando: “Bom dia, tudo bem? Você Corinthians. Bom!”
O sinal de Corinthians é polegar no peito esquerdo, mão aberta e todos os dedos oscilando. Este sinal, dizem que é porque quando a torcida Gaviões da Fiel entra em campo, não há coração que aguente. Vocês acreditam que a mulher mostrou a aliança esquerda no dedo e me disse bem alto (eu estava me fingindo de surda): “Olha, não vem não hein? Ele é casado.” – Aff... Santa ignorância e insegurança de segurar seu macho. Eu educadamente falei: “Olha, você não entendeu. Eu sou Ângela Suassuna, professora e Intérprete de Libras. Você sabe o que é Libras?” –

ELA: “Aquela máquina que calibra pneus?”
Jesus me chicoteia. Deveria ter continuado fingindo que era surda, mas fui em frente com minha explicação, lei, decretos, e blá,  blá...
Depois teve um cara de fora, de Socorro, (Socorrooooooooooooooooooo mesmo) que ficou me cantando, pois pediu informações onde era o Itaú e eu apontei em frente.
ELE: “Você é linda menina. Vou ao banco e passo aqui na volta.”
Não é que ele voltou mesmo? – “Você é linda menina como já te disse. Mas é uma pena que não fala.” – Aaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh. Aí eu tive que engrossar né? – “Querido, eu não sou surda, mas gostaria de ser alguns segundos atrás para não ouvir essa barbaridade que o senhor me disse. E em relação ao falar, eu falo sim. Além de falar com a voz que Deus me deu, eu também falo com as mãos.” – Gente, o cara ficou branco, bege e foi avermelhando... Ficou interessado, fez perguntas e uma dela foi: “Nossa!!! Me dá dez desses papéis aí. Quanto é? Vou comprar pra te ajudar.”

Grgrgrgrgrgrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr. Se ele soubesse que luto jiu-jitsu, não teria perguntado isso. Pois minha vontade era de aplicar-lhe um mata leão... Mas como sou educada, respondi: “Eu não estou vendendo estes papéis. Eu estou lhe dando. Eu estou aqui para divulgar meu trabalho. O senhor curtindo meu blog, minha página no facebook e compartilhando com seus amigos, já me ajuda muito. Mas se o senhor quiser adquirir um adesivo por R$1,00, eu ficaria muito grata, pois todo o meu material de divulgação é feito com meu dinheiro. Os adesivos eu acho uma forma de divulgação rápida, pois as pessoas adesivam seus carros, os carros circulam e outras pessoas irão ver e divulgar.” – Aí ele: “Me dá 10 então.” – Ai que dureza viu. Meu jogo de cintura estava terminando: “Eu quero muito divulgar meu trabalho. É sério! O senhor tem dez carros? O senhor precisa mesmo de dez adesivos? Talvez fosse melhor eu pegar seu telefone para podermos conversar sobre uma parceria. Se o senhor é empresário, poderia patrocinar meu projeto. Isso iria beneficiar muitas pessoas. O que o senhor acha? Tem um cartão pra me dar?”
Será que fui muito grossa? Pois depois disso, ele disse: “Ok, vou levar dois. Um pra colocar no meu carro e outro para colocar no carro da minha esposa.”
Aaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh. Me canta e tem esposa? Safado.
No geral, foi muito bom. Percebi que mesmo saindo em diversas mídias daqui da cidade, divulgando no face, no blog, na net... Ainda tem pessoas que não sabem o que é Libras. Pessoas que não lêem jornais, não tem acesso à informação. Amei a experiência. Obrigada a todos que estiveram lá como eu para divulgar seu trabalho. Percebi que todos nós, os protetores de animais, Marcha para Jesus, prevenção às drogas, temos um ideal e comum: lutamos por uma minoria. Mas a união faz a força.
 
Libras já é a segunda língua oficial do Brasil conforme Lei nº 10.436/02 e Decreto 5.626/05.
#SINALIZAR É PRECISO#

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