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Jovem escuta pela 1ª vez aos 23 anos

segunda-feira, setembro 10, 2012

Jovem escuta primeiro som aos 23 anos e quer conhecer músicas


Austin Chapman tem 23 anos e nasceu surdo. Um mês atrás, ele pôs um aparelho que lhe permite ouvir quase perfeitamente.


Imagine que o mundo ao seu redor, com toda a barulheira que o acompanha, de repente fizesse o mais profundo silêncio. Ou mais ainda: imagine que o mundo sempre esteve em silêncio. E, finalmente, você liga um aparelho que leva sons aos seus ouvidos pela primeira vez. 

Austin Chapman tem 23 anos e nasceu surdo. Um mês atrás, ele pôs um aparelho que lhe permite ouvir quase perfeitamente. “A primeira coisa que eu escutei foi o som de meus pés se arrastando no tapete. Isso foi a primeira coisa que eu escutei e eu fiquei assustado. Eu podia ouvir a minha própria voz, eu fiquei impressionado. Pensei: ‘Então é assim que é minha voz’. Também fiquei maravilhado com a voz de meus amigos”, conta. 

E os amigos do Austin ficaram maravilhados com ele. Queriam mostrar todos os sons do mundo para o cara. “Eles me levaram para dentro do carro. A gente se sentou lá dentro e eles botaram Mozart para tocar. Eu fechei os olhos, fiquei escutando a música tocar no piano. Era um som tão maravilhoso. E eu tive consciência, pela primeira vez, que eu podia realmente escutar”, lembra. 

Austin ficou tão emocionado que chegou em casa, se sentou no computador e escreveu: “Eu nunca entendi. Por toda a minha vida eu vi pessoas fazendo figura de idiotas, cantando sua música favorita ou dançando sem parar. Também vi gente chorando com uma simples canção. Eu não entendia aquilo. Mas agora eu coloquei um aparelho. E agora eu consigo ouvir música”. 
Terminou essa carta com a lista das suas cinco canções favoritas. Mas queria mais! E escreveu: “Qual é a canção mais bonita de todas?”. 
Publicou o texto na internet, e choveram respostas do mundo inteiro. “Eu recebo novas sugestões todos os dias. Não sei se vou conseguir escutar tudo. Vou tentar. Afinal, eu tenho o resto de minha vida”, diz. 

Priscilla gostava de Backstreet Boys. Ouvia perfeitamente, mas, aos 17 anos, ficou surda. “Em um mês abaixou um pouquinho, mas do nada, da noite para o dia. Daí eu acordei sem ouvir nada”, lembra. 

Ela teve que aprender a viver de novo. “Você vive no silêncio. São 24 horas por dia no silêncio”. 
Os médicos da Priscilla não sabem dizer, porque ela parou de escutar. Certo é que ela não desanimou. Aprendeu leitura labial, e fez um esforço para não esquecer os sons. 

Existem principais duas formas de curar a surdez. A primeira é a colocação de um aparelho de audição. Ele funciona como um amplificador: aumenta o volume do som. Se o aparelho não resolve, a segunda opção é o implante coclear, que é colocado dentro do ouvido, através de uma cirurgia. Transforma o som em um impulso elétrico, e esse impulso é enviado para o cérebro, que interpreta aquele som. 

Priscila colocou o implante. Quando ativou o aparelho, ela se lembrava da canção que estava na moda quando perdeu a audição, oito anos antes. 

Laís, de 3 aninhos, nunca ouviu som nenhum. “Quando ela fez um aninho, a gente começou a perceber que ela não balbuciava nada.”, conta a mãe. 

Os pais resolveram colocar o implante coclear. Um procedimento que é feito de graça na rede pública de saúde. Quando o aparelho é ativado, ela estranha. 

O implante funciona conectado a uma parte externa, que Laís arranca assim que ouve o primeiro barulho. Depois de muita luta, ela aceita alguns segundos dessa nova sensação: o som. 
“Ainda vai precisar de um tempinho pra se acostumar com essa coisa diferente que é o som. Mas ainda vai ouvir muita coisa bonita na vida dela”, diz o médico.

Como Austin, que segue experimentando. O Fantástico mandou sugestões do Brasil. “Está na hora de eu escutar música brasileira". 

Ele sorri ligeiramente, fecha os olhos em paz. Parece que está gostando de ‘Chega de Saudade’, do João Gilberto. 

Mas que tal um sambão? “É a primeira vez que vou escutar samba”, conta. 

Ele ri, acena com a cabeça e olha para a câmera. É o samba campeão do carnaval do Rio 2012, da Unidos da Tijuca. Fica com cara de sonhador olhando para o alto. 

Vamos tentar outro estilo? Villa Lobos. Ele está profundamente concentrado. Sorri, levanta as sobrancelhas, franze a boca e parece emocionado. “Essa foi a minha favorita”, diz. 


Hoje, todo o tipo de som, independente de ele ser ruim, é ótimo.

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