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Depois de Libras, a língua portuguesa

terça-feira, outubro 18, 2011

 

Depois de libras, a língua portuguesa



Esse aprendizado ajuda na comunicação dos surdos com a sociedade


Por Eduardo Lucizano Fotos Shutterstock


Fonte: http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/64/depois-de-libras-a-lingua-portuguesa-esse-aprendizado-ajuda-215266-1.asp


Quem procura uma profissão ou busca o sucesso na carreira, sabe que é essencial o aprendizado de uma segunda língua. Para as pessoas com deficiência auditiva essa atitude significa a busca pela melhora do convívio social. "Aprender é fundamental, pois apesar de ter a Libras como primeira língua, o surdo necessita aprender o português na modalidade escrita como segunda língua, para se comunicar e ter acesso ao conhecimento e à cultura local", explica Mônica Gargalaka, pedagoga, especialista em educação de surdos e uma das responsáveis pelos projetos do segmento na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
 
O contato com a língua portuguesa, na maioria das vezes, é tardio, porque normalmente os pais são ouvintes. A criança surda tem inicialmente o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras), totalmente diferente da língua utilizada pela sociedade ouvinte, o que atrapalha a comunicação em geral. Assim, é necessário criar meios para ensinar o português às pessoas com deficiência auditiva, pois trata-se da língua oficial, embora seja uma segunda língua para eles, o que exige um processo formal de aprendizagem. Mas primeiro, é preciso estudar um plano de ensino e qualificar os professores, para que estes sejam capazes de atender os alunos.
 
A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo criou o Programa Inclui, que tem como objetivo reestruturar as escolas especiais da rede municipal e fazê-las escolas bilíngues. Lá, as crianças aprenderiam Libras e língua portuguesa. "A Secretaria tem oferecido a todos os envolvidos na educação destes alunos, cursos de formação e aprofundamento em Libras e ensino de português como segunda língua. Este é um dos principais objetivos: a formação dos nossos professores", fala Mônica.
 
Para Nelma Carvalho, pedagoga especializada em Educação Especial e professora bilíngue Libras/ Português, a maior dificuldade no ensino é a repetição de palavras que não têm significado para os surdos. "A grande reclamação deles é ficarem repetindo palavras que não têm sentido para eles. Penso que quando se entendem os conceitos das palavras e expressões, o aprendizado se torna mais eficaz", ressalta a especialista.
 
Outro empecilho encontrado é a maneira como se aplica o ensino. "Até pouco tempo, ensinávamos enfatizando o código da língua, com o objetivo de os alunos dominarem a morfologia e a sintaxe da língua. Percebemos que as dificuldades de leitura e escrita da língua portuguesa são consequências da falta de métodos e procedimentos de ensino adequados. Nos últimos anos, a concepção de língua começou a mudar. Em vez de código, a língua tem sido concebida como atividade discursiva.
 
E a metodologia se adapta a esta nova concepção", explica Mônica. Quando o aluno já possui conhecimento da Libras, a tarefa de aprender o português é mais simples, afinal, já existe um canal de comunicação aberto.
Há também o questionamento sobre a influência de uma linguagem em outra e ambas as especialistas concordam que não há dificuldades, nem confusão. "Surdos são pessoas inteligentes e assim como qualquer um que está dia nte de alguém que fala outro idioma, se esforçam para se comunicarem de forma clara. Já em sua comunidade, usam libras", comenta Nelma.


A aprendizagem
O método normalmente utilizado explora o mundo visual dos surdos e todo o procedimento gira em torno deste que é o principal meio de comunicação. Em geral, o ensino é em grupo, visto que se inclui aí o fator social e a interação. "Toda a metodologia é bem visual, pois o canal mais importante para o surdo é a visão. É na leitura que as crianças farão suas hipóteses sobre o funcionamento da língua portuguesa. As hipóteses elaboradas visualmente serão testadas à medida que as crianças surdas tenham acesso às atividades que envolvam a escrita", conta Mônica.


Caso o aluno tenha o conhecimento em Libras, a situação é ainda mais favorável. O trabalho é lento, porém mais fácil, já que durante as aulas, sempre existe o paralelo com a língua de sinais. O professor trabalha com temas e por meio dessa estratégia, formula textos com histórias dos alunos, ensinando conceitos, leitura, escrita, entre outros. É claro que o método seria mais eficaz se existisse um material apropriado e voltado exclusivamente para os surdos, ou, quem sabe, até com equipamentos especificamente visuais.

Atualmente, os alunos surdos usam o mesmo material dos alunos do ensino regular, como cadernos de apoio adaptados. De acordo com a Secretaria de Educação, um material voltado especificamente para as pessoas com deficiência auditiva está sendo produzido e deve ser lançado este ano. Enquanto isso, os professores trabalham com o que têm nas mãos e comemoram evoluções. Ainda bem!

A prova de que aprender português é essencial vem das palavras de Renan Santos Souza, de 16 anos: "Hoje tenho mais segurança ao conversar com ouvintes que não sabem Libras. Comemoro minha autonomia ao ler textos e mandar mensagens via internet, celular e cartas", fala.
Ele comenta que ainda aprende português atualmente e que o mais difícil é entender palavras de significado mais complexo. "Tenho ainda dificuldades de gramática, porque a estrutura gramatical de Libras é muito diferente, mas sigo exercitando e sou perseverante", finaliza.
 
"O papel da Libras na instrução do português escrito é primordial, porque possibilita o conhecimento de mundo e de língua, com base nos quais os alunos surdos poderão atribuir sentido ao que leem e escrevem", explica Mônica Gargalaka, pedagoga e especialista em educação de surdos
Serviço
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
www.portalsme.prefeitura.sp.gov.br

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